Home | História da Arte | História do Design

1910-19


Josef Hoffmann foi um dos líderes do grupo de artistas e arquitetos vienenses conhecidos como a Secessão de Viena. Embora a arte da Secessão fosse fundamentalmente art nouveau no estilo, seu design é lembrado por um enfoque ornamental mais geométrico. A Secessão publicava a sua própria revista, Sacrum, e expunha regularmente obras de vários artistas internacionais.

Wiener Werkstatte
Em 1903, Hoffmann formou a Wiener Werkstätte com Koloman Moser. Essa associação de oficinas tinha forte influência das guildas do Artes e Ofícios. A Wiener Werkstätte foi responsável pela produção de refinadas peças de joalheria, de metal, tecidos, mobiliário e arquitetura. Seus designers ocuparam o espaço entre a decorativa art nouveau e o austero modernismo, que começava a influenciar o aspecto dos objetos.

A estética da máquina
À medida que o século avançava, os designers passaram a se preocupar menos com a estética do artesanato e privilegiar a estética da máquina. Em 1917, um grupo de pintores, arquitetos, designers e filósofos holandeses formou uma associação denominada De Stijl (o Estilo). Afastando-se da forma natural na arquitetura e no design, o De Stijl tentava encontrar uma linguagem visual para expressar uma nova estética da máquina, utilizando uma palheta limitada de cores e formas e linhas exclusivamente geométricas. De todas as obras, talvez a cadeira vermelha e azul de Gerrit Rietveld de 1918, seja a que mais se aproxime desse ideal.
Construída com peças de madeira de comprimento padronizado e acabamento industrial, ela prescinde de toda ornamentação desnecessária. A influência do De Stijl se estendeu por toda a Europa, especialmente na Rússia e a Bauhaus na Alemanha. Na Itália, os futuristas, entre os quais o poeta Filippo Marinetti (1876-1944) e o artista Giacomo Balla (1871-1958), também glorificaram a máquina.

Produção em massa
O industrial Henry Ford fundou a Ford Motor Company em 1903, e durante os anos seguintes desenvolveu um sistema de produção em massa que vira a exercer uma influência permanente sobre o processo de design: a padronização de peças de fácil montagem e, em 1913, a linha de montagem móvel. Quando aplicados ao Ford Modelo T, esses princípios foram tão bem sucedidos que na década de 20, de cada dois carros que rodavam pelo mundo afora, um era o Modelo T. A produção em massa tornou os bens acessíveis a um mercado mais amplo, mas também deixou os operários das fábricas com um sentimento de alienação.
Seu papel na fabricação se reduzia a uma tarefa anônima, repetitiva. Alguns passaram a aceitar o argumento de William Morris de que a única escapatória era uma volta ao artesanato; mas não havia como resistir ao impulso da produção em massa, que acabou crescendo no decorrer do século. No entanto, a qualidade de vida do trabalhador comum começou a melhorar com a introdução de uma multiplicidade de aparelhos que poupavam tempo e trabalho, como máquinas de lavar, secadores de cabelo e ferros de passar roupa.

Eletricidade
A maioria dessas novidades para o lar, na verdade, não economizava tempo, mas poupava trabalho, tornando as tarefas domésticas menos cansativas. Muitos produtos eram elétricos. Como mercadoria relativamente nova no início do século, a eletricidade ainda não era comum no maioria dos lares.
Todavia, a promessa de uma fonte de energia limpa e inodora, que fazia a luz surgir com um leve toque de interruptor, e a atração dos novas inventos, como o aspirador elétrico de pó, tornavam a eletricidade um investimento tão compensador que logo foi acolhido por todo o mundo ocidental.

Novos Padrões
Nessa época, na Alemanha, a empresa de produtos elétricos AEG (Allgemeine Elektrizitäts-Gesellschaft), percebendo a necessidade de unificar seu design, nomeou Peter Behrens diretor artístico. A padronização e a intercambialidade de componentes estabelecidos por Behrens foram cruciais para o sucesso da empresa. Um claro exemplo disto são os designs de chaleiras elaborados por ele em 1909, que permitiram 80 variações baseadas em três modelos básicos apenas. Behrens também assegurou que houvesse uma identidade em todos os outros elementos de produção da empresa, da arquitetura à publicidade.
A AEG adotara um logotipo - um traço que seria copiado futuramente por outras companhias. Behrens contratou designers de ultravanguarda, dentre eles, Walter Gropius, Mies Van der Rohe e Le Corbusier. Suas obras exerceram um poderoso impacto sobre o design de produtos e influenciaram profundamente o debate sobre arte e tecnologia.

A Bauhaus
Em 1919, formou-se na Alemanha uma escola de arte conhecida como Bauhaus. Sob a direção de Walter Gropius, a Bauhaus funcionou até 1933 e foi uma das escolas mais influentes do século. Seu objetivo era simplesmente treinar artistas para o trabalho ligado à indústria e, embora suas realizações possam facilmente ser superestimadas, deixou uma impressão duradoura sobre o design do século XX. Utilizando modernos materiais industriais, reduzidos a seus elementos básicos e desprovidos de decoração, os designers da Bauhaus procuravam fabricar produtos que evitassem referência histórica. Essa aspiração nem sempre foi alcançada.
A famosa cadeira Wassily - de aço tubular e forma geométrica despojada de Marcel Breuer, possui muitas das características associadas ao estilo Bauhaus. Mesmo assim, sua construção ainda é muito mais próxima do artesanato do que da máquina. O maior sucesso da Bauhaus foram os seus métodos de ensino, copiados em todo o mundo. Gropius atraiu pintores altamente respeitados, como Wassily Kandinsky (1866-1944), Josef Albers e Paul Klee (1879-1940) para a docência no curso fundamental. Lecionaram ali também arquitetos célebres como Marcel Breuer e Mies Van der Rohe.