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1920-29


Na influente Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes de 1925, em Paris, o arquiteto suiço Le Corbusier projetou um dos pavilhões e o intitulou L’Esprit Nouveau. Era um modelo de modernismo: paredes brancas lisas, estrutura de concreto e grandes extensões de vidro unificadas por uma geometria inflexível. Seu mobiliário era despretencioso, do tipo que se acha à venda nas lojas, incluindo a poltrona Thonet, de madeira curvada. Apesar disso, essa exposição é lembrada menos pelo funcionalismo da contribuição de Le Corbusier e mais pelo visual do resto da mostra em outros pavilhões.
Foi daí que se originou o termo art déco.

Art Déco
Esse estilo decorativo foi inspirado pela arte não-ocidental, especialmente as da África e do Egito, popularizada pela descoberta, em 1922, do túmulo de Tutancâmon por Howard Carter. Os balés russos de Diaghilev (que estrearam em Paris em 1909) e os quadros cubistas de Pablo Picasso(1881-1973) e Georges Braque (1882-1963) fascinavam a imaginação dos designers. No entanto, a art déco não foi um movimento de design, e sim um compartilhamento de um enfoque estilístico. A interação de formas geométricas, os padrões abstratos de ziguezagues, asnas e refulgências executados em cores brilhantes e o uso do bronze, marfim e ébano eram traços comuns a todos. Criticada por alguns pela opulência, era considerada um desvio das teorias puristas expostas pelos modernistas.
Os designers de mobiliário, como Jacques-Emile Ruhlmann (responsável pelo projeto do interior de um dos pavilhões da exposição de 1925 em Paris), usavam folheados exóticos e incrustações de marfim num arranjo rico e decorativo. Inspirava-se no design do século XVIII, mas atualizava o visual utilizando geometria e materiais modernos. A art déco não ficou restrita aos ricos.
Na verdade, materiais novos, baratos, como a baquelita, eram flexíveis e populares. Na Grã-Bretanha, Wells Coates usou a baquelita com grande sucesso em seus designs de rádios. Na arquitetura, o vidro colorido e o cromo criaram o colorido e visual art déco a custos relativamente baixos e foram usados com sucesso em prédios públicos, como os cinemas Odeon. A arquitetura externa dos prédios de cinema, bem como seus interiores suntuosos, desempenhou um papel importante na popularização do estilo art déco.
Em Nova York, o maior monumento à arquitetura art déco é o Edifício Chrysler, de William van Alen. Esse arranha-céu expressa o glamour da art déco tanto em sua decoração interna e externa quanto nas formas. Os pináculos semicirculares foram revestidos com metal Nircosta para criar superficies broncas brilhantes que lembrassem platina (o metal preferido da joalheria contemporânea).
Muitos designers famosos, que haviam feito nome com produtos no estilo art nouveau, agora adaptavam seus designs ao novo visual. René Lalique, por exemplo, deixou suas jóias de aparência tipicamente orgânica e passou a confeccionar peças art déco em vidro, inclusive emblemas de carros, vidros de perfume e estatuetas. Nos anos 20, o Charleston se tornou a primeira das muitas febres de dança a varrer os EUA. Para executar uma dança tão vigorosa, os vestidos tinham de ser mais curtos a fim de permitir maior liberdade de movimentos. As jovens, conhecidas como "melindrosas", cortavam o cabelo em mechas curtas e usavam chapéus ou boinas. A designer Coco Chanel criou um visual para acompanhar a recém-descoberta sensação de confiança das mulheres. Adaptando roupas masculinas, lançou uma silhueta de peito chato, de menino, acompanhada muitas vezes de bijuterias extravagantes, mas que, acima de tudo, irradiando jovialidade.

Vukhtemas de Moscow
Na Rússia, um desejo similar ao dos designers holandeses do De Stijl inspirou diversos artistas, entre os quais o pintor Kazimir Malevich, que procurava uma relação universal entre as formas geométricas e a cor pura. Seu trabalho, denominado suprematismo, estava mais preocupado com a estética e a geometria do que com a funcionalidade. Foi suplantado pelo design construtivista, menos abstrato, Os construtivistas, como os designers gráficos El Lissilzky e Aleksandr Rodchenko, fugiam das belas-artes e advogavam a idéia de que a arte devia ser posta a serviço do Estado socialista emergente.
Em 1920, as idéias construtivistas influenciaram profundamente o VKhUTEMAS, uma escola de design de vanguarda havia sido fundada em Moscou, (O nome é uma abreviação de Glicina Artística e Técnica do Estado.) Como a Bauhaus, o objetivo da escola era formar artistas para a indústria, Ela compartilhava de muitas das características da escola alemã; na verdade, Wassily Kandinsky e El Lissilzky trabalharam em ambas as organizações. Um dos professores da VKhUTEMAS, Aleksandr Rodchenko, projetou o mobiliário para o Clube dos Trabalhadores no Exposição de Paris de 1925. Os tecidos produzidos por sua esposa, Varvara Stepanova (1894-1958), e Lyubov Popova (1889-1924) também foram inseridos no produção, Todavia, dos muitos protótipos de móveis criados pela escola, nenhum foi industrializado.