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1990-


Trevor Baylis, inventor inglês, ao visitar a África no início dos anos 90, notou a importância do rádio para transmissão de informações a comunidade remotas aonde não chegava a energia elétrica. Embora muitas comunidades tivessem rádios, não eram de muita serventia, pois as pilhas eram caras demais. Isso significava que informações valiosas, especialmente as relativas à saúde, nem sempre chegavam àqueles mais necessitados. Diante disso, Baylis inventou um rádio mecânico que gera sua própria energia.
Em colaboração com um fabricante, produziu um modelo de sucesso que está atualmente em uso na África. Esse invento enfatiza dois dos mais importantes imperativos do design na década de 90: ecologia e comunicação.

Preocupações ecológicas
Na década de 90, alguns designers têm se preocupado em reverter os danos infligidos ao planeta pelo homem com a industrialização em massa dos séculos XIX e XX, ou, pelo menos, procuram conter danos futuros. Em 1983, os cientistas descobriram que havia um buraco perigosamente grande na camada de ozônio e afirmaram que, caso se permitisse o seu crescimento, a temperatura do planeta aumentaria e seus efeitos seriam catastróficos. Os governos responderam com uma velocidade atípica, colaborando com o Protocolo de Montreal - assinado em 1987 e ratificado em 1990 - e impondo controles sobre produtos como aerossóis e refrigeradores que contenham clorofluorcarbonos (mais conhecidos como CFCs) potencialmente prejudiciais.
Tornou-se claro nos décadas de 70 e 80 que os recursos do mundo exauriam-se num ritmo insustentável. Os combustíveis fósseis não durarão para sempre, por isso os designers começam a investigar soluções que reduzam ou mesmo detenham o esgotamento das matérias-primas. Outras fontes de energia, por exemplo, estão sendo testadas: foram desenvolvidos carros solares na Austrália e em outros lugares; o carro elétrico, outrora um sonho dos inventores, é agora realidade. O desenvolvimento de outras formas de comunicação e de armazenamento de informação, além da ampliação do uso de papel reciclado, surge em resposta ao rápido esgotamento das florestas em decorrência da crescente demanda de papel e madeira. Entretanto, a idéia de um escritório sem papel, baseado apenas em arquivos eletrônicos, ainda está longe de ser realizada.

Bens recicláveis
A obsolescência planejada começa a ser substituída por uma abordagem mais responsável da durabilidade dos produtos. Além de incluir outros materiais recicláveis em seus produtos, os designers estão criando produtos mais eficientes no que se refere à energia, e que podem ser reciclados ou consertados. Um carro bem projetado é aquele que tem baixo consumo de combustível, polui pouco, é durável, de fácil manutenção e, ao final da vida pode-se desmontá-lo e reciclar ou eliminar seus componentes de forma segura.
Na indústria do computador, que avança rapidamente, a ordem agora é criar máquinas que possam ser atualizadas (o chamado upgrade), e que não precisem ser inteiramente substituídas.

Comunicações de massa
Temos visto nos anos 90 os mais espantosos avanços na comunicação. A Internet e a superinfovia prometem exercer tanto impacto em nossas vidas quanto a invenção do telefone, da televisão ou do carro. Basta um computador para ter acesso instantâneo a informações em todo o mundo. Por exemplo, de nossa sala no Rio de Janeiro, ou em Paris, Sydney ou Munique, é possível acessarmos o Smithsonian Institute em Washington D.C. ou fazermos uma excursão virtual com guia pelo Museu da História Natural em Londres. Nesse estágio é impossível adivinhar a dimensão do impacto sobre o século XXI, assim como ninguém poderia ter adivinhado, em 1900, qual seria a influência que o telefone de Alexander Graham Bell exerceria em nossas vidas pessoais e profissionais.

Futuro
Na última década do século, a velocidade dos desenvolvimentos científicos e tecnológicos não dá sinais de desaceleração, aumentando com uma rapidez atordoante. As mudanças que virão no próximo século serão ainda mais acentuadas do que as deste século. Embora seja impossível prever exatamente o que o futuro trará, existem alguns indicadores. Por exemplo, estão sendo criadas máquinas de apenas meio milímetro de diâmetro que podem ser injetadas nas veias para eliminar coágulos no sangue. O telescópio Hubble envia fotografias que estão alterando nossa compreensão do universo (os cientistas agora estimam que existem 50 trilhões de galáxias no universo, e não 10 trilhões como se pensava anteriormente) e que podem reavivar o interesse pela exploração espacial.
Na indústria do transporte, fala-se numa nova e revolucionária geração de superjatos que ultrapassarão o Concorde e voarão fora da atmosfera terrestre. Eles tornarão possível a realização de vôos transglobais numa fração do tempo requerido atualmente. O fim da Guerra Fria, a redução da corrida armamentista e a unificação da Europa oferecem uma oportunidade para uma maior cooperação internacional, tornando o mundo um lugar mais seguro. E com o brilhantismo e a responsabilidade moral cada vez maiores dos cientistas, não faltarão bons motivos para entrarmos otimistas no próximo século.