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1960-69


Na década de 60, os indivíduos nascidos durante o baby boom do pós-guerra haviam crescido e formado um novo e poderoso exército de consumidores. Tornavam-se adultos numa época de otimismo e autoconfiança inigualáveis e incontidos: a guerra e a austeridade do pós-guerra haviam acabado; os homens viajavam pelo espaço e logo iriam chegar à lua; o primeiro transplante de coração fora realizado e, sessenta anos depois de o primeiro avião cruzar o Canal da Mancha, o Concorde atravessava o oceano Atlântico em velocidade superior à do som. Como dizia um comentarista: "Vivemos numa sociedade descartável, a obsolescência é criada pelo célere progresso da tecnologia; a obsolescência premeditada não é mais relevante, então por que o seria o funcionalismo do Estilo Internacional?".
Assim começou a rejeição ao modernismo, considerado incapaz de atender às demandas desse ávido exército de novos consumidores desejosos de mudança e variedade em vez de permanência e uniformidade. Desejavam, sobretudo, um visual que pudessem chamar de seu, que os distinguisse de seus pais e reforçasse o abismo que se ampliara entre as gerações do pré e pós-guerra.

Massificação do consumo
Durante esse período, a força do anúncio, especialmente na televisão, levou ao nascimento do consumismo em massa. Os fabricantes reconheceram rapidamente o poder de compra da população adolescente e começaram a criar produtos visando especificamente ao mercado jovem.
Uma combinação de novos materiais, formas, tecnologia e cores disputava a atenção desses jovens abonados. Todas as áreas do design foram afetadas: na indústria de automóveis, nasceu o Mini; na moda, o advento da minissaia; e no mundo gráfico, Wes Wilson criou pôsteres praticamente ilegíveis. Surgiram milhares de designs radicais de mobiliário: o designer dinamarquês Verner Panton produziu sua cadeira empilhável, moldada em plástico vermelho brilhante, e Gunner Aagaard Anderson (1919-), da Dinamarca, criou a sua poltrona em poliuretano que parece - e, de fato, é - uma imensa bolha solidificada de plástico líquido.

Psicodelismo
Os movimentos jovens, cada um com música, vestuário e visual próprios. Um deles, o psicodelismo, teve vida curta, mas incandescente, e foi muito influente. Os designers psicodélicos da época rejeitavam o modernismo como algo fora de moda. Enquanto os modernistas olhavam apenas para o futuro em busca de inspiração, o psicodelismo olhava para todos os lugares, muitas vezes através das névoas das drogas alucinógenas.
Seus artistas buscavam inspiração no início do século, incorporando aspectos da Art Nouveau e da Secessão de Viena em seu trabalho; olhavam para o Oriente e regrediam até o Egito antigo em busca de referências; olhavam também para seu próprio mundo, criando uma linguagem visual inspirada na droga que visava a um público seletivo.

Pop Art
A moda e a arte exerceram forte influência sobre o design dos produtos, e nenhum movimento artístico causou motor impacto sobre o design comercial do que a arte pop. Artistas pop como Andy Warhol, Jasper Johns (1930-), Roy Lichtenstein (1923-) e Robert Indiana viravam a arte mundial de cabeça para baixo introduzindo o cotidiano em seus estúdios e reciclando-o numa arte irônica e irreverente.
Andy Warhol celebrou abertamente o consumismo norte-americano em seus quadros de imagens repetidas de símbolos da cultura popular, das latas de sopa Campbell's a Elvis Presley. ironicamente, os próprios fabricantes começaram a usar a arte pop no design dos produtos, no marketing e na publicidade, a tal ponto que logo se tornou parte da vida cotidiana. A imagem "LOVE" de Robert Indiana, por exemplo, apareceu em 40 milhões de selos postais. Outros movimentos artísticos, como a Op Art, também foram utilizados pelos designers de produtos e tecidos.

Influência italiana
Na Europa, os designers italianos haviam assumido a liderança no cenário internacional, e muitos reconheciam a influência dos artistas pop em seu trabalho. Joe Colombo, Ettore Sottsass e Marco Zanuso, livres das restrições do modernismo, assumiram o espírito lúdico da época e começaram a brincar com os novos temas. Seu trabalho, chamado de "Radical" ou "Anti-design", caiu no gosto popular. Joe Colombo empregou o plástico em seus designs de mobiliário, assim como Sottsass, em clássicos como a máquina de escrever Valentine, num estilo vivo, vermelho-alaranjado e amarelo. Os designers italianos resgataram até certo ponto o plástico de sua reputação de material barato e, portanto, indesejável, uma imagem que derivara do seu uso em designs como o da Bic Biro. Era difícil não ver a beleza e a sofisticação do telefone de plástico Grillo, de Marco Zanuso e Richard Sapper, independentemente do material.
Outros designers italianos contribuíam com designs inovadores de mobiliário. Dois dos mais famosos foram a cadeira Sacco, de Gatti, Paolini e Teodoro, um saco cheio de poliestireno, sem estrutura, a primeira cadeira-pufe, e a Poltrona Inflável de Lomazzi, de Pas e d'Urbino, uma cadeira de plástico cujo formato e conforto dependiam do ar. Esses designers italianos radicais, por sua vez, influenciaram os pós-modernistas das décadas seguintes.