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1940-49


A Segunda Guerra Mundial exerceu um forte impacto sobre os designers e a fabricação de produtos. Os países envolvidos nas hostilidades logo restringiam o uso de matérias-primas, e as próprias fábricas muitas vezes passaram a se dedicar à produção militar. Em 1941, a Grã-Bretanha introduziu um plano de racionamento na tentativa de gerenciar o uso de recursos escassos. O Conselho do Design, presidido por Gordon Russell, foi encarregado de aprovar designers para a produção.
O Conselho seguia princípios derivados do movimento Artes e Ofícios, mas também recebia influência dos modernistas europeus. O mobiliário deveria ser forte e atraente, mas sem desperdício de material. Alguns materiais, como a prata e o alumínio, ou foram completamente vetados ou não eram encontrados, e até a tintura para tecidos precisava ser aprovada pelo programa de racionamento.

Design da austeridade
Claro que não foi só na Grã-Bretanha que o governo exerceu controle sobre a produção. Na maior parte da Europa, no Japão e nos EUA, havia as restrições governamentais. Na Alemanha, em conformidade com o programa Schönheit der Arbeit (Beleza no Trabalho), os designers adotaram um estilo de artes e ofícios, similar ao da Grã-Bretanha, com ênfase particular em designs nacionais ou rústicos. Nos EUA e no Japão, houve um recuo nas fábricas e estabeleceu-se um controle de preços. Os designers foram chamados a trabalhar em diversas comissões governamentais e muitas vezes receberam uma oportunidade inesperada para testar novos materiais. Essas experiências renderam dividendos após a guerra, pois os designers aplicaram os novos materiais aos produtos que haviam criado para o mercado interno.
Os resultados dessas medidas de austeridade determinaram o surgimento de produtos extremamente despojados, feitos com matérias-primas mais básicas. Embora fossem de baixo custo e, em geral, bem-feitos, eram por vezes sem graça, faltando-lhes ainda requinte e luxo. Em vários países, as regras se estenderam por muito tempo depois do final da guerra, e os consumidores começaram a se impacientar com persistência das restrições.

Design italiano
Na Itália, em 1946, o antigo designer de helicópteros, Corradino d’Ascanio, projetou a motoneta Vespa para Piaggio. Esse veículo aerodinâmico e moderno se tornou um símbolo da riconstruzione de pós-guerra e um sucesso mundial de vendas. Depois da guerra, a Itália consolidou o seu design, tornando-se líder mundial. Companhias como Fiat, Olivetti e Cassina contratavam designers de vanguarda para que criassem produtos capazes de sustentar a sua posição no mundo do comércio internacional.

Novos Materiais
O plástico se tornou cada vez mais importante depois da Segunda Guerra Mundial e seu uso alterou bastante o visual dos objetos. Até então, ele havia sido encarado apenas como um substituto, porém, depois da guerra, muitos designers resolveram explorar as propriedades de plásticos especiais em projetos isolados. Citemos apenas alguns exemplos. O acrílico, como o Perspex, fora descoberto na década de 30 e empregado no design de móveis, além de ser o substituto mais leve para o vidro. Películas transparentes, como o PVC, foram usadas para produzir capas impermeáveis e guarda-chuvas. O náilon foi usado pelas forças armadas norte-americanas em pára-quedas.
Em 1942, Earl Tupper lançou recipientes leves de polietileno com tampas herméticas. Conhecidos como Tupperware, flexíveis e duráveis, eram fabricados em diversos tons. Um dos processos mais interessantes foi o uso dos plásticos nos cadeiras modernas. Os pioneiros desse trabalho foram o arquiteto norte-americano Charles Eames, sua esposa Ray e Eero Saarinen. Durante a guerra, Eames havia trabalhado com poliéster reforçado com vidro na fabricação de domos de radar para aeronaves. Aplicando o conhecimento que adquirira no design de cadeiras, criou, em 1948, um assento inteiriço em forma de concha sustentado por pernas de metal, conhecida como cadeira DAR. Ao contrário da cadeira Berço, produzida anteriormente por Saarinen, a cadeira de Eames deixava exposta a construção de plástico reforçado com vidro. Muitos dos designs de assentos de Eames foram industrializados por Herman Miller.

Rádio e televisão
As estações de rádio haviam começado a transmitir no início da década de 20, e o rádio caseiro ganhou popularidade na década seguinte. Todavia, só com a Segunda Guerra Mundial os diversos governos em conflito perceberam o potencial do rádio para disseminar informação e propaganda, tanto para a população local como para o inimigo. Depois da guerra, a televisão começou a causar impacto na vida doméstica. Um transmissor de televisão fora exibido por John Logie Baird em 1926, mas só no final da década de 30 os tubos de ralos catódicos puderam receber transmissões de alta definição. Como os rádios e os toca-discos, as primeiras televisões eram embutidas em armários convencionais, o que lhes dava a aparência de móveis, sem nenhuma indicação de sua verdadeira função.
Com o aperfeiçoamento da tecnologia, os designers começaram a testar novos materiais e a descobrir soluções mais adequadas. A baquelita podia ser moldada, inicialmente para se adaptar à forma da tela, e mais tarde para produzir formas expressivas.